Conceito de 'bairro jardim' completa cem anos em São Paulo
Bairros como
o Jardim América, o Alto da Lapa ou o Pacaembu são um convite para um passeio
peculiar na imensidão que se tornou São Paulo.
Grande parte das ruas são
sinuosas, verdadeiros labirintos para os menos familiarizados com a região.
Mas o trajeto
reserva um visual agradável: há uma casa por terreno e as calçadas, as praças e
os quintais têm ampla área verde. Além disso, a ausência de pontos cegos nas
esquinas -que em geral são arredondadas- dão mais tranquilidade (e segurança) a
quem circula por lá.
100 anos da Cia. City
Esses bairros seguem a concepção de "bairro
jardim", que teve origem no século 19, na Inglaterra, e se contrapunha ao
modelo de cidades industriais, segundo Regina Maria Prosperi Meyer, professora
da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP).
No Brasil, o conceito foi inaugurado pela Cia. City, empresa
que se instalou em São Paulo em 1912, um ano após sua fundação em Londres.
Três anos após chegar à cidade, deu início ao Jardim
América. Em parceria com a empresa canadense Light, levava energia elétrica e
ônibus à região.
Com o sucesso do empreendimento, a Cia. City urbanizou
outros bairros, como o Alto da Lapa, o Alto de Pinheiros e o Pacaembu (ver
quadro na pág. 6) e inspirou a criação de outros não gerenciados por ela, como
o Cidade Jardim, o Jardim Europa e o Jardim Paulistano.
Segundo José Eduardo de Assis Lefèvre, professor da FAU-USP,
a Cia. City teve um papel importante na vida da cidade, porque introduziu um
arranjo de disposição urbana de organizar lotes e ruas de forma harmônica com a
topografia, voltada para criar ambientes agradáveis e pitorescos.
Para Meyer, o modelo de bairros jardins é impróprio para a
São Paulo de hoje. De acordo com ela, é necessário implantar ações e legislação
de uso do solo que promovam a cidade compacta e densa, "dois conceitos que
vão no sentido inverso do modelo urbanístico dos 'bairros City'".
Mas associações de moradores discordam. Para elas, os
bairros ainda são viáveis numa metrópole. "É o nosso Central Park à
paulistana", diz o diretor-executivo da Ame Jardins, João Maradei.(DANIEL
VASQUES)
Fonte: Folha de São Paulo
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