Como fugir das bolhas e ganhar dinheiro com bolsas baratas

Criado pelo vencedor do Nobel, Robert Shiller, e adaptado pelo fundador da Cambria Funds, Índice de Cape mostra que a Bovespa está próxima de seu patamar mais atraente em 26 anos de estudo.

ganhar dinheiro com bolsas baratas
Cambria CIO Meb Faber.
SÃO PAULO - Qual é o tamanho do seu apetite por riscos? Até onde vai seu sangue frio como investidor? Essas são perguntas importantes para se avaliar qual tipo de investimento mais combina com seu perfil e necessidades financeiras. Se você for mais um desbravador da Bovespa, um estudo que acaba de sair do forno, divulgado pelo fundador e CIO (Chief Investment Officer) da Cambria Funds, Meb Faber, pode cair como uma luva em sua filosofia mais ousada para lucrar no mercado financeiro.

No livro "Global Value: how to spot bubbles, avoid market crashes, and earn big returns in the stock market", Faber apresenta aos investidores mais uma aplicação prática do índice de Cape (preço dividido pelo lucro ciclicamente ajustado), desenvolvido pelo vencedor do prêmio Nobel de Economia em 2013, Robert Shiller, e o aplica a investimentos em países.

O resultado tem um tom desafiador. Segundo os estudos, valeria mais a pena colocar dinheiro hoje em países como Grécia, Argentina, Rússia ou até Brasil em vez de Estados Unidos, Japão, Canadá e alguns latino-americanos que têm se saído bem, como Colômbia e Peru.

Os dados apresentados por Faber são uma variação do índice criado por Shiller, que trabalha com uma espécie de relação de P/L (preço dividido pelo lucro) "mais alongado", levando em consideração um período de 10 anos ou mais e a variação de retorno obtidos pelas empresas ajustado no período.

Com isso, é possível ter uma noção de como está o preço dos ativos tendo como base um processo histórico mais amplo, o que faz com que o investidor tenha um compilado de dados mais completo, capaz de fazer com que ele entenda o retrospecto do investimento observado e evite cair em armadilhas das bolhas. Foi assim que Faber expandiu as aplicações do índice das empresas para os países, ao levar as maiores e mais representativas companhias de cada mercado e avaliar quais são as barganhas e furadas no âmbito global.


Tudo depende do preço

Desta forma, quanto menor a nota obtida pelo país no índice, mais atraente para compras está seu mercado, uma vez que seu retrospecto apontaria para uma tendência de valorização e volta às médias históricas em um curto espaço de tempo. Em seu estudo, Faber percebeu que, se um investidor tivesse aplicado seus rendimentos nos mercados mais baratos no parâmetro do índice, ele teria tido satisfatórios retornos bem acima das médias do mercado.

"Comprar países com ações baratas foi bom negócio. No ano 2013, quem comprou os países com ações baratas teria uma carteira rendendo em média 20% - dependendo de quantos mercados fossem escolhidos e seus respectivos graus de exposição -, enquanto os que apostaram em países mais caros teriam prejuízos de cerca de 5%, segundo essa pesquisa", explica Tiago Reis, sócio e gestor da Set Investimentos e blogueiro do InfoMoney.
Reis aproveita para lembrar que certos países estão passando por momentos delicados, o que pode ter resultado em um desconto excessivo praticado pelo mercado sobre tais economias. Tendo em vista o persistente e elevado grau de imprevisibilidade do futuro destes países, o gestor acredita que a elaboração de uma carteira que reúna um número maior de mercados baratos pode ser uma estratégia interessante, na medida em que reduz os riscos e mantém expectativas de altas taxas de retorno.

Você teria coragem?

No entanto, o estudo deixa de ser tão atraente para alguns quando se tem acesso às consideradas boas opções de compra. Segundo os cálculos do gestor, os mercados mais baratos são exatamente de economias desacreditadas pelos investidores por conta dos turbulentos momentos em que se encontram. Com isso, Rússia, República Tcheca e Turquia lideram as "pechinchas", acompanhadas em sequencia pelo Brasil, que ocupa a 4ª posição. 

Segundo os cálculos do fundador da Cambria Funds, a atual marca de 9,80 do índice brasileiro aproxima o País de seu menor patamar de 9,60 em 2014, e a 26 anos - de 9,57, -, período usado pelo gestor para a análise. Vale destacar também que o maior nível alcançado pelo Brasil no índice de Cape foi de 29,88 (mais de três vezes o atual, o que indica o quão atraente pode estar a Bovespa), enquanto a mediana de 1988 para cá é de 16,76.


EUA e Rússia: "outliers" perigosos

Como toda teoria econômica, o estudo de Faber sobre o índice de Cape também tem suas falhas. Se a observação dos dados os Estados Unidos apontaria para um mercado caro enquanto a Rússia estaria barata, as taxas de retorno dos países no ano passado vão contra as consequentes expectativas do mercado para eles.

. "Os EUA foram um dos melhores países nos últimos anos para se investir no passado recente, mas isso não garante retorno futuro. As ações americanas estão caras quando comparamos com outros países, inclusive Brasil. É importante o investidor ter esse fato em mente se for investir lá", explica Reis, que diz que adotaria o índice de Cape como método de investimento, mas não aplicaria todo o patrimônio em apenas um dos países baratos.

Falta de disciplina pode pôr tudo a perder

Certamente não é fácil colocar parte do seu patrimônio em uma economia que não vive um bom momento. O alto grau de periculosidade aparente pode fazer com que o investidor desanime com a primeira eventual perda sentida no bolso. Para Reis, a disciplina é um dos fatores mais importantes para que a decisão de investir com o índice de Cape renda bons resultados.

"Todo investimento vai ter altos e baixos e te decepcionar em algum tempo. A maioria dos investidores sai dessa estratégia quando uma crise chegar, quando ele começar a perder dinheiro", observa o gestor, destacando o comportamento comum do investidor de optar por maior "segurança" em tempos de grande volatilidade e imprevisibilidade, sem dar tempo para que suas aplicações deem os retornos esperados.

Outro ponto que pode desanimar quem quer entrar neste tipo de investimento é a parte operacional. Infelizmente, o Brasil ainda oferece poucas alternativas para quem quer aplicar seu patrimônio em outros mercados, o que torna tal modalidade quase inacessível ao investidor comum. Uma das alternativas apresentada por Tiago Reis é a compra de ETFs (Exchange Traded Funds) - isto é, fundos espelhados em índices -, alternativa que exige que o investidor tenha conta no exterior.

Fonte: Infomoney Mercados

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pronto para Morar - Reserva Mayor em Guarulhos

Dicas pintura e iluminação

Cidade Universitária - Apartamentos de 2 e 3 dormitórios (1 suíte) 57,24 e 77,87 m² privativos